domingo, 5 de agosto de 2012

Tão óbvio, e tão impensável!


Está oficialmente inaugurado o segundo semestre do ano letivo da USP.

E como todo início de semestre, a primeira semana é sempre uma semana de surpresas; pela mudança de professores, de programas, de disciplinas e etc.
E nesse contexto de surpresas, mudanças e adaptações; ocorreu-me também uma surpresa que, de inesperada, tornou-se curiosa.

O causo foi o seguinte:
Era uma quinta-feira aparentemente comum. A aula havia sido breve, pois o professor apenas apresentara o programa do curso e a bibliografia exigida. Tendo dado tempo de sair mais cedo, dei-me o direito de, ao dirigir-me para o ponto de ônibus, observar com mais cautela o cotidiano da universidade ao meu redor...
E já na saída do Prédio do Meio (da Filosofia e Sociais) me deparei com uma turma de cerca de trinta adolescentes que subiam a Rua da Reitoria, vindo da Praça do Relógio. Dois ou três professores os acompanhavam e a euforia era visível nos visitantes da USP.
É comum escolas levarem seus alunos para conhecerem o campus e estimulá-los a estudarem com afinco nos vestibulares.
Naquele instante eu pensei em como são prazerosas essas visitas. Lembrei-me quando, pela primeira vez, adentrei na Cidade Universitária, ainda na condição de aluno do ensino médio. O deslumbramento pela grandiosidade da universidade, a admiração pela boa reputação que goza a instituição, a curiosidade de imaginar como seria o dia-a-dia naquele universo, a imaginação de pensar sobre quais laboratórios ou bibliotecas formidáveis aqueles prédios não escondiam... Todos esses pensamentos foram intensos quando conheci a USP pela primeira vez, e ficava a imaginar se aquela turma de adolescentes não estaria sentindo o mesmo.

Mas eles seguiram para um lado, e eu, ainda pensativo, para o outro.
Cheguei ao ponto em frente à futura Biblioteca Brasiliana com tempo de sobra até a chegada do ônibus. E, curiosamente, instantes depois de ter ali sentado, outro grupinho de jovens em idade escolar passaram por mim. “Que curiosa coincidência”, pensei. Porém, alguns minutos mais tarde, outro grupo parecido aportou em meu campo de visão, e mais outro, e mais outro.
Uma invasão de adolescentes ocorria, por algum motivo, na USP.
Alguns deles andavam com uma sacolinha bege na mão, outros com alguns folhetinhos.
Folhetinhos esses, que foram depositados na lixeira por um rapaz esguio e de cabelos lambidos. Esperei o garoto se afastar um pouco, e, com um estranhamento causado pela curiosidade, obriguei-me a buscar na lixeira o tal folheto.

E nele se lia, em letras garrafais: VENHA VISITAR A FEIRA DE PROFISSÕES DA USP.
Em letras um pouco menores, lia-se: LOCAL: CEPEUSP.

“Tão óbvio, e tão impensável!”, foi o que me ocorreu. Teria sido menos patético se eu não tivesse participado, dois anos antes, da mesma feira, e na mesma época do ano.