Está oficialmente inaugurado o
segundo semestre do ano letivo da USP.
E como todo início de semestre, a primeira semana é sempre uma semana
de surpresas; pela mudança de professores, de programas, de disciplinas e etc.
E nesse contexto de surpresas, mudanças e adaptações; ocorreu-me
também uma surpresa que, de inesperada, tornou-se curiosa.
O causo foi o seguinte:
Era uma quinta-feira aparentemente comum. A aula havia sido breve,
pois o professor apenas apresentara o programa do curso e a bibliografia
exigida. Tendo dado tempo de sair mais cedo, dei-me o direito de, ao dirigir-me
para o ponto de ônibus, observar com mais cautela o cotidiano da universidade
ao meu redor...
E já na saída do Prédio do Meio (da Filosofia e Sociais) me deparei
com uma turma de cerca de trinta adolescentes que subiam a Rua da Reitoria,
vindo da Praça do Relógio. Dois ou três professores os acompanhavam e a euforia
era visível nos visitantes da USP.
É comum escolas levarem seus alunos para conhecerem o campus e
estimulá-los a estudarem com afinco nos vestibulares.
Naquele instante eu pensei em como são prazerosas essas visitas.
Lembrei-me quando, pela primeira vez, adentrei na Cidade Universitária, ainda
na condição de aluno do ensino médio. O deslumbramento pela grandiosidade da
universidade, a admiração pela boa reputação que goza a instituição, a
curiosidade de imaginar como seria o dia-a-dia naquele universo, a imaginação
de pensar sobre quais laboratórios ou bibliotecas formidáveis aqueles prédios
não escondiam... Todos esses pensamentos foram intensos quando conheci a USP
pela primeira vez, e ficava a imaginar se aquela turma de adolescentes não
estaria sentindo o mesmo.
Mas eles seguiram para um lado, e eu, ainda pensativo, para o outro.
Cheguei ao ponto em frente à futura Biblioteca Brasiliana com tempo de
sobra até a chegada do ônibus. E, curiosamente, instantes depois de ter ali
sentado, outro grupinho de jovens em idade escolar passaram por mim. “Que
curiosa coincidência”, pensei. Porém, alguns minutos mais tarde, outro grupo
parecido aportou em meu campo de visão, e mais outro, e mais outro.
Uma invasão de adolescentes ocorria, por algum motivo, na USP.
Alguns deles andavam com uma sacolinha bege na mão, outros com alguns
folhetinhos.
Folhetinhos esses, que foram depositados na lixeira por um rapaz
esguio e de cabelos lambidos. Esperei o garoto se afastar um pouco, e, com um
estranhamento causado pela curiosidade, obriguei-me a buscar na lixeira o tal
folheto.
E nele se lia, em letras garrafais: VENHA VISITAR A FEIRA DE
PROFISSÕES DA USP.
Em letras um pouco menores, lia-se: LOCAL: CEPEUSP.
“Tão óbvio, e tão impensável!”, foi o que me ocorreu. Teria sido
menos patético se eu não tivesse participado, dois anos antes, da mesma feira,
e na mesma época do ano.