Julia Chequer/R7
A certas coisas nós só damos valor antes de termos. É o caso do Busp, ou também, Bilhete USP.
O Busp é uma novidade na Universidade de São Paulo, sobretudo na Cidade Universitária.
Até o ano passado, a USP oferecia – e arcava com todos os custos - duas linhas de ônibus que circulavam pelo campus. Eram os famosos Circulares.
Em 2012 a reitoria veio com a novidade. Os mitológicos Circulares (qualquer dia eu escrevo uma crônica inteiramente dedicada a eles) saem de cena gradualmente, e novos ônibus, desta vez administrados pela SPTrans serão os responsáveis de transportar os alunos pela Cidade Universitária e levá-los até a estação Butantã do metrô. É uma melhoria no serviço, mas que, porém, teve de vir acompanhada de um novo ator do dia-a-dia universitário: o Busp.
Ele é o simpático cartão que garante a gratuidade das viagens de ônibus dos estudantes. É simples, basta entrar no veículo e apresentá-lo ao cobrador que tudo fica certo. O aluno viaja tranquilamente.
Mas ora, imaginem o que não é produzir milhares e milhares de cartões em questões de dias. Tarefa fácil, não é. Portanto, os bixos (sempre eles) foram os últimos a recebê-los.
Eles deveriam, portanto, continuar utilizando o Circular antigo, que não necessita de cartão e que ainda estava a rodar pelo campus.
Aparentemente todos sabiam disso, menos eu.
Eis que na primeira semana de aula, saindo da lojinha do CEPEUSP, ainda sem o Busp e ainda sem saber direito como funcionava o transporte público uspiano, esperei pacientemente no ponto de ônibus, até que avistei o automóvel laranja da SPTrans. Fiz sinal para pegá-lo, ele parou, e eu entrei.
Entrei e fiquei imóvel, por ali, perto da porta mesmo. O motorista saiu andando, mas sempre me encarando pelo retrovisor, com um olhar curioso. Até que, na próxima parada de ponto, ele se vira para trás, dirigindo-se a mim e diz:
- O sr. já pagou?
- Não, não... Sou aluno – respondi contente, sem suspeitar de nada.
- Tem o bilhete USP?
- Ahn, não, não... Ainda não recebi.
Percebi um olhar impaciente.
- Vai ali falar com o cobrador.
Virei o pescoço, e lá estava o cobrador a me encarar também. Dirigi-me a ele, então.
- Hm, eu ainda não tenho o Bilhete. Não posso mostrar a carteirinha?
- Não sr... Tem que pagar.
- Mas como assim? Enquanto não recebo o bilhete, ou eu pago ou eu ando a pé?
- Não sr... Os circulares antigos ainda estão passando. Sinto muito, aqui tem que pagar.
Olhei pela janela atrás do cobrador e reconheci a rua. Num rápido golpe de perspicácia, falei:
- Desculpe então, eu não sabia. Pode deixar que eu desço no próximo ponto mesmo – fingindo certo desapontamento.
Percebi o olhar irritado do motorista surgir novamente no
retrovisor. Ele parou abruptamente e abriu a porta. Eu desci e olhei em volta.
Esperei o ônibus partir para soltar um pequeno sorriso... Aquele era,
justamente, o ponto da FFLCH. Eu estava em casa...
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