Decidi, há alguns dias, fazer uma
visita à Biblioteca Florestan Fernandes, situada atrás do prédio da Letras e
que abriga os livros da FFLCH. Logo de entrada já assinei meu atestado de bixo.
Estava passando pela catraca quando fui barrado por uma segurança.
- O senhor não pode entrar de mochila. Tem que
deixá-la ali – e apontou a um cantinho, aonde havia uma pequena fila de
estudantes deixando suas mochilas em algo parecido com uma chapelaria.
Pois bem, resolvido o pequeno imbróglio, pude
adentrar o local e, num primeiro momento, apenas andei por entre os corredores,
de maneira descompromissada. Percorri todos os andares apenas observando à
movimentação, os estudos, as pesquisas, as conversas baixinhas sussurradas
pelos cantos...
Após esse tempo de aclimatação ao
ambiente, de familiarização, decidi, também, emprestar meu primeiro livro
naquela biblioteca. Fui à sessão recém-visitada de Literatura Brasileira,
procurei por Machado de Assis – não poderia começar de melhor forma – e o
encontrei. Havia uma imensidão de livros do Bruxo do Cosme Velho. Escolhi um
que me era estranho... Algo que tivesse o poder de me surpreender: História de Quinze Dias, conjunto de
crônicas publicadas por Machado em um periódico. Enfim, satisfeito com a
escolha, desci ao balcão para registrar a retirada. Tudo correu bem, a moça
simpaticamente me avisou que a devolução deveria ser feita no dia 07/05.
Os dias, então, seguiram seu
curso.
Até que me vi imerso no dia
08/05. Percebi que a data da devolução havia passado. Sem saber direito a quais
consequências aquele deslize me levaria, meti o livro na bolsa, peguei alguns
trocados – preparando-me para uma possível multa – e rumei à Biblioteca para me
acertar. Chegando lá já não era mais uma moça simpática a bibliotecária, mas
sim um carrancudo atendente.
- Boa tarde – falei.
- Tarde...
- Então, eu gostaria, se
possível, de renovar o livro – não havia acabado de lê-lo.
- A renovação é feita pela
internet – eu devo ter feito uma cara de bixo, pois ele se deu ao trabalho de
explicar – pelo sistema Dedalus. O senhor pode usar os computadores aqui da
biblioteca mesmo pra renovar, lá tem o passo-a-passo.
- Ah sim. Bem, mas minha aula
começa daqui a pouco, vou devolver e mais tarde passo aqui para pegá-lo de
novo.
- Tudo bem – respondeu o
bibliotecário, pegando o livro da minha mão.
- Mas tem um porém, o livro
está atrasado em um dia... O que eu tenho que fazer? Há algum tipo de multa
ou...
- Tá atrasado? Então você nem
poderia renovar! O senhor fica suspenso da biblioteca por alguns dias, depois
vem aqui retirar o livro de novo.
O funcionário fez o cálculo simples (é o número de dias atrasados
vezes o número de livros emprestados) e concluiu que eu ficaria suspenso por um
dia. Depois de anunciar-me aquela tragédia, disse-me com uma estranha
compaixão:
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