segunda-feira, 14 de maio de 2012

Bibliotecagens


Decidi, há alguns dias, fazer uma visita à Biblioteca Florestan Fernandes, situada atrás do prédio da Letras e que abriga os livros da FFLCH. Logo de entrada já assinei meu atestado de bixo. Estava passando pela catraca quando fui barrado por uma segurança.

 - O senhor não pode entrar de mochila. Tem que deixá-la ali – e apontou a um cantinho, aonde havia uma pequena fila de estudantes deixando suas mochilas em algo parecido com uma chapelaria.

 Pois bem, resolvido o pequeno imbróglio, pude adentrar o local e, num primeiro momento, apenas andei por entre os corredores, de maneira descompromissada. Percorri todos os andares apenas observando à movimentação, os estudos, as pesquisas, as conversas baixinhas sussurradas pelos cantos...
Após esse tempo de aclimatação ao ambiente, de familiarização, decidi, também, emprestar meu primeiro livro naquela biblioteca. Fui à sessão recém-visitada de Literatura Brasileira, procurei por Machado de Assis – não poderia começar de melhor forma – e o encontrei. Havia uma imensidão de livros do Bruxo do Cosme Velho. Escolhi um que me era estranho... Algo que tivesse o poder de me surpreender: História de Quinze Dias, conjunto de crônicas publicadas por Machado em um periódico. Enfim, satisfeito com a escolha, desci ao balcão para registrar a retirada. Tudo correu bem, a moça simpaticamente me avisou que a devolução deveria ser feita no dia 07/05.

Os dias, então, seguiram seu curso.

Até que me vi imerso no dia 08/05. Percebi que a data da devolução havia passado. Sem saber direito a quais consequências aquele deslize me levaria, meti o livro na bolsa, peguei alguns trocados – preparando-me para uma possível multa – e rumei à Biblioteca para me acertar. Chegando lá já não era mais uma moça simpática a bibliotecária, mas sim um carrancudo atendente.

 - Boa tarde – falei.
 - Tarde...
 - Então, eu gostaria, se possível, de renovar o livro – não havia acabado de lê-lo.
 - A renovação é feita pela internet – eu devo ter feito uma cara de bixo, pois ele se deu ao trabalho de explicar – pelo sistema Dedalus. O senhor pode usar os computadores aqui da biblioteca mesmo pra renovar, lá tem o passo-a-passo.
 - Ah sim. Bem, mas minha aula começa daqui a pouco, vou devolver e mais tarde passo aqui para pegá-lo de novo.
 - Tudo bem – respondeu o bibliotecário, pegando o livro da minha mão.
 - Mas tem um porém, o livro está atrasado em um dia... O que eu tenho que fazer? Há algum tipo de multa ou...
 - Tá atrasado? Então você nem poderia renovar! O senhor fica suspenso da biblioteca por alguns dias, depois vem aqui retirar o livro de novo.

O funcionário fez o cálculo simples (é o número de dias atrasados vezes o número de livros emprestados) e concluiu que eu ficaria suspenso por um dia. Depois de anunciar-me aquela tragédia, disse-me com uma estranha compaixão:

 - Só pode retirá-lo de volta depois do dia 10...

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