terça-feira, 29 de maio de 2012

Catracalização da FEA




Por um simples acaso, estive na FEA (Faculdade de Economia e Administração) bem no dia em que ocorria o plebiscito que decidirá pela implantação ou não de catracas nos acessos do prédio. Eu sabia que estavam discutindo o tema polêmico, mas não imaginei que, justo no dia em que veria um ciclo de palestras, eu estaria presente no ápice desse debate.

O saguão estava cheio, as pessoas discutiam as propostas, cada uma defendendo seu ponto de vista e várias na fila para votar. Um belo espetáculo de democracia. E, em meio a tudo isso, encontrei também um exemplar de O Visconde – impresso, que é o jornal do Centro Acadêmico na FEA. A edição era inteiramente dedicada a argumentar contra a implantação das catracas (conhecidas também como ‘sistema de controle de acesso’).

Fiquei feliz em perceber o bom senso do CA e a maneira clara que expôs os pontos fracos desse 'plano de segurança’. Primeiro porque, de acordo o pessoal do CAVC (Centro Acadêmico Visconde de Cairu), não foi apresentado nenhum estudo ou estatística referente ao número de furtos e roubos dentro do prédio da FEA. Não se sabe se esse é um problema real da faculdade. Segundo porque, o sistema de catracas, que já dificultaria a vida dos estudantes (com filas em horários de pico, por exemplo), seria uma enorme barreira para a comunidade externa à Faculdade e uma barreira maior ainda à comunidade externa a Universidade. É um sistema que diminui a circulação de pessoas pelo prédio, e vai completamente na contra mão do que reivindicam os estudantes, que alegam, com razão, que a USP é, em muitos momento, um lugar isolado da cidade de São Paulo.

A USP é um espaço público, e não faz sentido criar barreiras para a entrada e saída dos cidadãos. Infelizmente essa é uma tendência na universidade, haja visto que a faculdade de Odontologia já conta com catracas em sua entrada. Na minha opinião, e de uma grande maioria de estudantes, o acesso à Cidade Universitária deve ser cada vez mais facilitado e incentivado, e não o contrário.
Torcendo para que, pelas vias democrática, tal ideia fosse rejeitada, me dirigi à mesária que estava em frente às urnas.

 - Posso votar? – perguntei.
 - Você é aluno da FEA? – ela me respondeu perguntando.
 - Não, sou da FFLCH...
 - Então não, me desculpe. Mas só a comunidade FEA está autorizada a votar.

Saí pela porta principal pensando que, felizmente, aquilo ainda era possível, afinal, dependendo da decisão da ‘comunidade FEA’, em pouco tempo ali poderia haver um obstáculo ao trânsito de pessoas alheias ao seleto grupo.

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